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Em meio às medidas restritivas de combate ao coronavírus, como o isolamento social, voluntários em Brasília e no Brasil trabalham para levar alimentos e produtos de higiene pessoal a moradores de rua. Grupos contam com doações para dar continuidade às iniciativas

Fernanda Strickland
Maíra Nunes

postado em 30/03/2020 06:00

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2020/03/30/internas_economia,841142/acoes-doam-alimentos-e-produtos-a-moradores-de-rua-em-meio-a-covid-19.shtml

“Ou morremos de fome ou lutamos juntos de barriga cheia”, diz Rogério Barba. Para o diretor social do Instituto Cultural No Setor, não há opção diferente para enfrentar as consequências sociais da pandemia do novo coronavírus. É com esse pensamento que ele lidera um trabalho incansável para repassar doações de alimentos, produtos de higiene, roupas e dinheiro à população em situação de rua na região central de Brasília.

Rogério Barba já promovia projetos culturais, cursos e até jogos de futebol para moradores de rua do Setor Comercial Sul. Em uma sexta-feira, ao chegar ao local, cerca de 60 pessoas o procuraram. Diziam estar passando fome. Foi quando ele percebeu que a restrição social, apesar de ser a melhor maneira de prevenir a infecção por Covid-19, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), poderia trazer consequências severas à população mais vulnerável.
O diretor decidiu de imediato começar uma campanha de doações Sem circulação de pessoas na cidade, falta comida, mas também fica mais difícil encontrar drogas e bebidas, segundo relata. Com isso, moradores de rua que são viciados acabam precisando se alimentar mais.
A Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) estima que cerca de 350 pessoas em situação de rua passam mensalmente pela região central do DF. Para fazer a parte dela, a instituição do governo está distribuindo marmitas em diversas regiões e começou a fazer reformas em banheiros públicos da área central de Brasília, no domingo da semana passada, em parceria com empresários do Setor Comercial Sul.
O GDF está montando espaços de acolhimento a pessoas em situação de rua, com 650 vagas espalhadas entre Autódromo Nelson Piquet, Movimento Eureka (906 Norte), Creas Diversidade (614/615 Sul) e Centro Pop (903 Sul).

Pelo Brasil

As ações de solidariedade voltadas à população de rua se multiplicam pelo país. No Recife, um grupo religioso se juntou a coletivos dedicados a moradores de rua para ampará-los. Em Curitiba, pessoas e estabelecimentos comerciais se uniram para fazer um mutirão na produção de marmitas. Na cracolândia do centro de São Paulo, uma ONG se esforça para proteger os mais vulneráveis.

Outra iniciativa é a de um grupo de amigos em Jaboatão dos Guararapes (PE). Raphael Sarmento e colegas decidiram distribuir comida a vulneráveis sociais. “A ideia surgiu depois que ouvimos algumas pessoas falando das situações dos moradores de rua. Começamos a ver que no nosso estado não tem nenhuma ação com isso, pois muito se fala e pouco se faz” critica.
Em Porto Alegre, o designer gráfico Rodrigo Costa, 36 anos, dirige o grupo SOS Mãos Amigas. “Eu, minha mãe e um amigo começamos a servir refeições para pessoas em situação de rua há seis anos”, afirma.
Ele costuma servir as refeições às terças e quintas-feiras. Por causa do confinamento, porém, não houve distribuição na terça-feira passada. Quando ele voltou ao local, dois dias depois, o desespero das pessoas era enorme. “Devido ao que presenciamos, vamos novamente no sábado, um dia que não estava planejado, mas se faz necessário”, destaca.
Wesley Oliveira, morador de Guarulhos (SP), faz parte de um grupo que reúne vários empresários do ramo alimentício de São Paulo, como restaurantes e boates. Com o aumento do número de infectados pela doença no país, eles começaram a se preocupar e a discutir alternativas que pudessem ser adotadas ao longo desse período de pandemia.
A sugestão foi fazer uma ação voluntária. “Decidimos juntar as forças para a produção de marmita, com o objetivo de distribuir aos moradores de rua. Foi assim que começou o projeto que segue o lema Corrente do bem, prato solidário”, explica Wesley.
Depois que começaram a colocar a ideia em prática, várias outras empresas se prontificaram a ajudar. Para organizar as ações, foi criado um perfil no Instagram chamando @prato.solidario, aberto a quem queira colaborar. “Cada um faz um pouco, e acaba sobrando, então, também começamos a doar a outras organizações que fazem o mesmo serviço”, ressalta.
Ações de cidadania
Veja as iniciativas em prol da população de rua pelo Brasil
Comitê de Emergência Covid-19, do GDF
Local: Brasília (DF)
O que faz: recebe doações de diversas naturezas, como bens móveis e imóveis, dinheiro, serviços, insumos e equipamentos. As doações devem ser feitas sem qualquer tipo de ônus ou encargo ao DF.
Como ajudar: doações em dinheiro deverão ser creditadas exclusivamente no BRB (Banco 070), Agência 0100-7, conta-corrente nº 062.958-6, CNPJ 00.394.684/0001-531. Bens móveis e imóveis, insumos e equipamentos deverão ser entregues à Secretaria de Economia (SIA – SAPS, Trecho 1, Lote H, Brasília, DF).
Mais informações: pela Central de Atendimento 156 ou pelos sites da Secretaria de Economia (www.economia.df.gov.br) e da Secretaria de Justiça e Cidadania (www.portaldovoluntariado.df.gov.br).
É de Lei
Local: cracolândia de São Paulo (SP)
O que faz: a ONG que atua na redução de danos a usuários de drogas está arrecadando dinheiro para reverter em água, itens de higiene e material informativo para distribuir entre os moradores da cracolândia.
Como ajudar: pelo site edelei.org ou por meio de depósito em conta no Banco do Brasil (Agência: 1202-5 — conta-corrente: 16175-6 — CNPJ: 04.893.583/0001-88).
Mais informações: pelo telefone (11) 3337-6049.
Por nossa conta
Local: São Paulo (SP)
O que faz: arrecada dinheiro, alimentos não perecíveis e itens de higiene pessoal para pessoas em situação de rua em São Paulo.
Como ajudar: com depósito de dinheiro em conta no Itaú (Agência 0428 — conta corrente 66516-0 — CPF 423.618.408-71).
Mais informações: no Instagram @_por_nossa_conta_
Corrente do Bem — Prato Solidário
Local: Guarulhos (SP)
O que faz: grupo criado por empresários de Guarulhos para receber doações e distribuir pratos de comida a moradores de rua.
Como ajudar: as doações são arrecadadas a partir do perfil no Instagram @prato.solidario.
Mais informações: no Instagram @prato.solidario
Movimento Barba na Rua e No Setor
Local: Brasília (DF)
O que faz: arrecadação de doações de alimentos, produtos de higiene e dinheiro.
Como ajudar: entregar na Quadra 4/5 do Setor Comercial Sul (SCS), ao lado da Caixa Econômica Federal (é possível combinar para entregar sem precisar sair do carro). Ou depositar o dinheiro na conta de Rogério Soares de Araújo, na Caixa Econômica Federal (Agência: 1041; Conta 00030565-9; Operação Poupança: 013; CPF: 150.720.348-95).
Mais informações: no Instagram @nosetor ou pelo telefone 99969-0699.
 
Associação Católica dos Samaritanos do Recife
Local: Recife (PE)
O que faz: grupo religioso se juntou a coletivos dedicados a pessoas em situação de rua para arrecadar doações de produtos de higiene pessoal e alimentos e doá-los a moradores de rua do Recife.
Como ajudar: as doações são arrecadadas na Igreja Rosário dos Pretos (Rua Estreita do Rosário, s/n, Santo Antônio, Recife).
SOS Mãos Amigas
Local: Porto Alegre (RS)
O que faz: grupo religioso se juntou a fim de ajudar pessoas em situação de rua, distribuindo comida e produtos de higiene pessoal.
Como ajudar: entrar em contato com Rodrigo Costa (51) 9 8580-8868 ou Maria Amélia (51) 9 8493-3360.
Mais informações: no Facebook eu.rofrigosantosc ou por e-mail, rodrigo.santos@live.com
 
Mãos invisíveis
Local: Curitiba (PR)
O que faz: um mutirão para produzir marmitas para a população em situação de rua e famílias em extrema vulnerabilidade de Curitiba, por meio de parcerias com outros coletivos.
Como ajudar: com doações de alimentos não perecíveis, produtos de higienização e máscaras cirúrgicas ao Colmeia Cultural (Rua Padre Isaias de Andrade, 409, Parolin) ou por meio de doações em dinheiro (nesse caso, entrar em contato pelo telefone (41) 99620-2331)
Mais informações: no Instagram @projetomaosinvisiveis